quarta-feira, 18 de abril de 2012

A velha

Estes dia estava tocando na missa e, como de costume, nos encontramos antes para ensaiar, na própria igreja.

A comunidade Santa Clara é muito aconchegante. Me encantam as igrejas com seus ornamentos sagrados, suas imagens de santos espalhados, o teto e as paredes pintadas com as passagens biblicas e tudo o mais.

Mas a igreja de Santa Clara nao tem nada disso. É uma igreja simples, sem pintura ou imagens antigas. A nudez das paredes é quebrada apenas por uns pequenos quadros desbotados que retratam a via sacra. O altar, mais simples impossível: apenas o sacrário humilde e a imagem de santa. Só.

Talvez isso é o que realmente importa, a simplicidade. Isso nos faz voltar nossa atenção para o que realmente importa.

Mas naquele dia, outra coisa, ou melhor, pessoa, me chamou a atenção.

Pouco antes da celebração, surge uma velha, com seu vestido estampado de flores enormes e um rosário rosa na mão, combinando com as flores do vestido.

Aquela simpática e bochechuda senhora se instalou num banco próximo de onde estávamos. Se ajoelhou, apoiou os cotovelos num banco a sua frete, cruzou os dedos das mãos com o rosário no meios começou a conversar. Olhava para o altar e conversava. Sua prece, era realmente uma conversa. Fitei os olhos biela e pude perceber a pureza e sinceridade que conversava com Deus. Não dava para ouvir o que dizia e, certamente, nem interessava. Percebia-se que ela falava com a franqueza de um filho de 4 anos que, ao voltar do seu primeiro dia de aula, conta tudo o que fez aos pais.

Aquela senhora, simpática e sem dentes, me fez perceber o quanto pessoas idosas voltam a ser criança. Mas me fez lamentar e quastionar: porque nao conseguimos ser criancas quando adultos? E é só.

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